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Quaresma de São Miguel e a devoção de São Pio ao Arcanjo



Com a Solenidade de Assunção de Nossa Senhora, no dia 15 de agosto, inicia-se a Quaresma de São Miguel Arcanjo.


É um período de 40 dias (excluídos os domingos) que termina em 29 de setembro com a festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael.


A origem dessa devoção está ligada à vida de intensa penitência de São Francisco de Assis. Quando ele se converteu, entrou para a Ordem dos Penitentes, que fazia penitências públicas. Um dos períodos em que Francisco se mortificava era justamente os 40 dias anteriores à festa de São Miguel Arcanjo.


Por que é oportuno viver essa Quaresma?

Além de ser um tempo favorável para realizar penitências, a Quaresma de São Miguel reaviva em nós a devoção e o nosso relacionamento com os anjos.


Muitas vezes agimos como se os anjos sequer existissem. E, no entanto, eles verdadeiramente existem: são uma criação extraordinária de Deus, situada, hierarquicamente, entre o homem e Deus. Eles são puramente espirituais, não têm corpo, mas também estão a serviço de Deus e são muito mais poderosos e gloriosos que os homens, estando alguns ordenados para o auxílio dos seres humanos.


Dispostos em hierarquia, os anjos que estão em contato com os homens são os das miríades inferiores, como, por exemplo, os arcanjos, que constituem o segundo coro angélico.


A história de São Miguel

A história desse arcanjo está ligada ao relato da queda dos anjos. Deus os criou mesmo antes da criação do mundo e ofereceu-lhes uma ocasião para demonstrar o seu amor. É importante lembrar que, quando Deus criou os anjos, eles não estavam em Sua presença. Deus revelava-se a eles de alguma forma, mas não era um contato face a face, pois isso obstruiria a liberdade angélica:

Deus é uma verdade tão atraente que, uma vez contemplada, elimina a capacidade das criaturas de escolher.


Então, certa vez, para testar o seu amor, Deus deu-lhes uma provação. Sabe-se disso pela Tradição, mas também pelo ministério dos exorcistas, que expõe que certas ideias são insuportáveis ao demônio, a saber: a encarnação do Verbo divino, o seu aniquilamento na Cruz e, por fim, a posição de primazia de Nossa Senhora dentre todas as criaturas. Foi por tais ideias que Lúcifer, um anjo cheio de glória e beleza, juntamente com um terço dos anjos, decaiu. O relato da batalha travada no Céu por essa ocasião está resumido no livro do Apocalipse de São João:


"Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles. Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com eles os seus anjos".


O padre José Antonio Fortea, no livro "História do Mundo dos Anjos", explica por que São Miguel é aclamado como "príncipe da milícia celeste", mesmo sendo de uma hierarquia inferior, o padre coloca na boca de um anjo a seguinte narração:


"Dentre os anjos fiéis a Deus, no meio de todas essas lutas, houve um que se destacou. Não se tratava de um anjo superior, mas o seu amor era superior. Foi ele quem manteve viva a chama da fidelidade nos piores momentos da batalha, quando tudo estava escuro e parecia que a metade dos anjos iriam se rebelar. Foi destacado no bem e a sua fé iluminou a muitos.

Foi ele quem no momento mais escuro, na hora mais terrível no qual as multidões começaram a duvidar, no meio do inicial silêncio geral gritou:

‘– Quem como Deus!’


Foi assim que ficou o seu nome: Mika-El, Miguel. O lutador infatigável e invencível. Miguel continuava a se destacar como guerreiro. A luz do seu veemente amor iluminou a muitos que estavam confusos. O seu amor arrebatador derrubou a muitos que lutavam em favor do erro. Inclusive, aqueles que combatiam com Lúcifer reconheciam que nenhum dardo envenenado com suas razões, poderia penetrar a couraça da sua fé inquebrantável.


Ele é representado com uma couraça, mas ele não portava nenhuma couraça material. Tratava-se de uma couraça espiritual impenetrável às seduções lançadas pelo iníquo. A única arma dele era a espada da verdade, da verdade sobre Deus.


Miguel conhecia melhor a Deus que os inteligentes, porque ele amava mais. Por essa razão, aqueles que foram ao seu encontro, tiveram que recuar.


São Miguel e São Pio

São Pio de Pietrelcina tinha um relacionamento de maior intimidade com a realidade espiritual angélica. Desde a infância era atacado por demônios e defendido por anjos e ao longo de toda a sua vida contou com o auxílio dos santos guardiães para, especialmente, desempenhar sua missão de diretor espiritual.


Porém, São Pio tinha uma relação de especial devoção com o Arcanjo Miguel e o quanto ele recomendava que seus filhos espirituais fossem peregrinar ao Santuário do Monte Gargano.


Sendo um franciscano, recebeu toda a tradição espiritual de sua Ordem também com relação à devoção ao Arcanjo Miguel. São Francisco de Assis foi o iniciador da prática da Quaresma em honra ao Glorioso Arcanjo e foi num desses períodos de intensa oração que ele recebeu os estigmas. Padre Pio também recebeu os estigmas de Nosso Senhor nas proximidades da Festa dos Arcanjos.


San Giovanni Rotondo, cidade onde Padre Pio vivia, pertence à região da Foggia, na qual a Província Franciscana tem como patrono São Miguel. Ela localiza-se a cerca de 25 km do Santuário onde o Arcanjo apareceu no Monte Gargano. Os habitantes da cidade têm grande devoção angélica, sobretudo, porque na ocasião da peste do século XVII, São Miguel livrou-os da morte.


Oficialmente, Padre Pio esteve no Santuário do Monte Gargano apenas uma vez, em 2 de julho de 1917. A viagem foi sofrida, feita em uma carroça com mais 14 irmãos e durante uma noite muito fria. Ao chegar na Gruta, o santo rezou por quase uma hora; depois, celebrou a Santa Missa e permaneceu em oração silenciosa. Foram cerca de 3 horas imerso em oração e na presença do Arcanjo.


Seus filhos espirituais testemunharam que o Padre costumava afirmar sobre São Miguel: "Ele está sempre aqui!", que no confessionário dava penitências para que o Arcanjo fosse honrado e insistia para que as pessoas fossem peregrinar no Santuário no Monte Gargano dar "oi" ao Arcanjo.


Será que recomendando tanto aos filhos que fossem à Gruta, ele teria ido até lá apenas uma única vez?


Alguns estudiosos da vida do Padre Pio afirmam que ele foi ao Santuário de São Miguel muitas vezes. Eles recolheram depoimentos de pessoas que estiveram próximas ao santo e que levam a crer que inúmeras das vezes nas quais ele bilocava, ia ao Monte Gargano rezar. Em muitas ocasiões, repetia aos seus devotos: “Eu vou sempre à Gruta sagrada de Monte Sant’Angelo”.


No verso de um santinho que enviou a uma filha espiritual, escreveu : “São Miguel te protege e te defende do inimigo infernal”. Aos que chegavam a ele endemoniados buscando libertação indicava que fossem rezar no Santuário na cidade vizinha e que depois voltassem a ele. Quando voltavam, a obra de libertação já tinha acontecido durante a peregrinação.


Um frei capuchinho que convivia com o Santo afirmou que diariamente ele recitava a oração composta pelo Papa Leão XIII em honra do Glorioso Arcanjo e que afirmava que: "Hoje, mais do que nunca, nesta era apocalíptica, é necessário lutar sob a bandeira de São Miguel”.


Fonte bibliográfica: "História do Mundo dos Anjos", de Padre José Antonio Fortea





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